Assim, às 12 horas da manhã, os 13 sinos badalaram e “cantaram” os últimos sons do hino “Ó, Senhora Aparecida”, daquele inesquecível domingo do vinte e dois de outubro ado, em momentos de silêncio e de fé.
Os romeiros já vinham subindo a rampa em direção à Basílica, ou desta saindo, terminada a missa das onze. Seus olhos tinham uma única direção: o monumental carrilhão do conjunto de sinos, vindos da Itália. As linhas arquitetônicas foram traçadas pelo gênio do nosso saudoso Oscar Niemeyer. Nesse momento, um inesperado silêncio. Os romeiros, atentos à beleza do pontiagudo gigante de ferro, se espantaram com o que viram e ouviram: o hino cantado pelos 13 sinos. E, rápido, os ouvintes aram a cantores, juntamente com os sinos.
Esse hino, composto pela cantora Joanna (letra e música), ou a ser o adotado como um consagrado oficial. O título da canção é “Viva a Mãe de Deus e nossa” e começa pelo estribilho, que se repete entre as cinco estrofes. Curiosamente, o título correto da Nossa Senhora Aparecida seria “Nossa Senhora da Conceição Aparecida”, que é pouco conhecido. Apresento aqui a canção (sem a repetição do estribilho):
Estribilho: Viva mãe de Deus e nossa
Sem pecado concebida!
Viva a Virgem Imaculada
A Senhora Aparecida!
Aqui estão vossos devotos
Cheios de fé incendiada
De conforto e de esperança
Ó, Senhora Aparecida!
Virgem Santa, Virgem bela
Mãe amável, Mãe querida
Amparai-nos, socorrei-nos
Ó, Senhora Aparecida!
Protegei a Santa Igreja
Ó Mãe terna e compadecida
Protegei a nossa Pátria
Ó, Senhora Aparecida!
Amparai todo o clero
Em sua terrena lida
Para o bem dos pecadores
Ó, Senhora Aparecida!
Velai por nossas famílias
Pela infância desvalida
Pelo povo brasileiro
Ó, Senhora Aparecida!
Pelo visto, são versos claros, curtos e singelos, revestidos de uma música simples, fácil e melodiosa. Registre-se também que a autora tem outras belas canções religiosas. Há outros inúmeros hinos à Nossa Senhora Aparecida. Cito aqui apenas dois: o hino comemorativo dos 300 anos, de autoria do padre Zezinho (SCJ) e a famosa música “Romaria”, do Renato Teixeira.
O leitor certamente estará sem saber, a esta altura, o que tem a ver Resende Costa com este texto. Vejamos.
Podemos dizer que Resende Costa tem uma antiga amizade com a cidade de Aparecida e, obviamente, com a Santa. Nas décadas de quarenta/cinquenta a cidade já havia recebido pessoas de nossa cidade e por lá ficaram.
Há tempos que os resende-costenses visitam a Santa, quer individualmente ou em grupos. Em Setembro de 2006, dez valentes cavaleiros foram os primeiros a visitar a Basílica. Essa mesma façanha aconteceu no princípio deste ano.
Neste ano, talvez, tenha acontecido o maior afluxo de romarias oriundas da cidade. Neste outubro aconteceu a maior delas, quando se comemoram os 300 anos do “aparecimento” da imagem da Santa nas águas do rio Paraíba.
Só no dia 20 de outubro saíram 5 ônibus. Foi uma festa. Sob o comando do resende-costense Rodrigo de Paula Magalhães, em três ônibus, os 123 romeiros aportaram na cidade sagrada. Viagem organizada, alegre e segura, ida e vinda. Rompendo a noite, o comboio chegou com absoluta segurança, graças ao profissionalismo dos motoristas Jander Coelho, Erme Reis e Adair José dos os.
Por outro lado e da mesma maneira, os resende-costenses Luiz Dias e Luana Silva organizaram suas caravanas, com seus dois ônibus e seus 105 romeiros. Ainda em Outubro, os tradicionais organizadores Zezito, Camilo e Totonha do Curralinho dos Paula também trataram de levar seus romeiros.
Vamos a algumas informações. Por decreto, em 1930, o Papa Pio XI declarou Nossa Senhora Aparecida “Padroeira do Brasil”. Em 1945, o Cardeal de São Paulo, Dom Carlos Carmelo de Vasconcelos Motta (1890/1982), mineiro de Bom Jesus do Amparo (1890/1982), foi quem levou ao Vaticano o projeto da futura Basílica (*). A construção, calculada para 43 mil pessoas, começou em 1955 e terminou em 1980. Nessa data, foi consagrada pelo Papa João Paulo II, quando de sua visita ao Brasil. No ambiente externo, tem capacidade para 2.000 ônibus e 3.000 carros. Enfim, entre os maiores templos dedicados à Nossa Senhora no mundo, a Padroeira do Brasil está entre os demais, conhecida pela sua grandeza e por ser uma das mais visitadas. Encerrando e resultado: os romeiros deste Outubro com certeza voltarão no próximo...
(*) Curiosa e saudosamente, o autor deste texto foi paraninfado pelo cardeal em sua colação de grau em Letras Anglo-Germânicas na Faculdade Dom Bosco de São João del-Rei, em 1961.